Apê de 60 m² ganha cozinha integrada, duas suítes e lavanderia escondida
Com um mix jovem e clássico, a arquiteta Luiza Mesquita, do escritório Sketchlab Arquitetura, criou um projeto sóbrio e funcional para seu próprio lar
Localizado em Ipanema (RJ), o primeiro apartamento da arquiteta Luiza Mesquita (sócia da arquiteta Luana Bergamo no escritório Sketchlab Arquitetura), tem 60 m² e sempre pertenceu à família dela, mas estava alugado há muitos anos e nunca havia passado por uma reforma. Desde que foi comprado por seus pais, há 20 anos, a ideia era justamente que um dia fosse usado pela filha.
“Meus pais compraram dois apartamentos neste mesmo prédio onde minha mãe nasceu e foi criada – um para mim e outro para meu irmão, já com o intuito de manter nossa família sempre próxima, já que atualmente eles moram no prédio da frente”, explica Luiza. “Como passei minha infância visitando minha avó no apartamento vizinho, meu primeiro apê é repleto de boas lembranças e memórias afetivas”, acrescenta ela.
Com a decisão de sair da casa dos pais para morar com o namorado e seu cachorrinho pitbull, Luiza decidiu então fazer uma reforma completa no apartamento, antes de se mudar. “Minha mãe sempre prezou por ambientes não apenas bonitos, mas também funcionais, e carrego isso no meu modo de projetar até hoje. Não é à toa que a praticidade foi a palavra de ordem neste projeto. Por outro lado, meus pais sempre foram muito básicos e sóbrios. Então, senti a necessidade de acrescentar cor e imprimir uma pegada mais jovem”, acrescenta ela.
O apartamento foi colocado abaixo na reforma, restando apenas uma parede antiga. Originalmente, a planta tinha dois quartos e apenas um banheiro. Como a arquiteta tem planos de aumentar a família em breve, o ponto de partida do projeto foi a criação de duas suítes, sendo uma para o futuro bebê.
Grande e sem utilidade, o antigo quarto de serviço (que fazia limite com o pilar aparente na sala) foi demolido para ampliar a área social e alterar a orientação da cozinha, que antes era um pequeno corredor fechado. A eliminação da porta de serviço permitiu criar uma área de serviço mais compacta, “camuflada” por portas de correr de alumínio branco com vidro aramado. “Esse recurso permite que o pequeno espaço seja isolado da sala, quando necessário, sem bloquear a passagem de luz natural”, informa Luiza. Outro ponto importante na reforma foi a criação do lavabo, que não existia na planta original.
Segundo a arquiteta, o projeto é muito autoral, pois incorpora plenamente os gostos e as lembranças dela própria. “Posso dizer que o projeto é 50% careta e 50% jovem, pois, ao mesmo tempo em que eu quis trazer uma atmosfera contemporânea, pensei em como nós, arquitetos, estamos sempre em transição e queremos experimentar novas tendências”, pondera. A preocupação com a praticidade também foi primordial na elaboração do projeto, pois a moradora queria materiais e acabamentos que facilitassem seu dia-a-dia, com manutenção rápida e descomplicada. Um bom exemplo foi a opção dela pelo piso de porcelanato amadeirado no padrão carvalho, no lugar da madeira propriamente dita.
Na decoração, que segue o estilo contemporâneo, algumas poucas peças vieram do antigo endereço da arquiteta, como o quadro de cocar comprado em Goiânia (de uma artista local) e as cadeiras do designer Gustavo Bittencourt, que eram uma paixão antiga. No resto, praticamente é tudo novo, com destaque para os móveis com design limpo e atemporal, tendo o cinza como base e pontos de cor em tons terrosos e verde para compensar a falta de vista das janelas, já que o apartamento fica entre prismas de ventilação do prédio.
Entre as peças de design assinado, ela destaca as cadeiras Iaiá da sala (compradas antes mesmo de a obra começar) e o banco de mesmo nome posicionado no pé da cama de casal, tudo criação do designer Gustavo Bittencourt. Outra peça de destaque na sala é a mesa de centro aramada C41, criação de Marcus Ferreira, também um desejo antigo da arquiteta por considerá-la versátil e elegante.
“Sem dúvidas, o maior desafio deste projeto foi a criação do banheiro do quarto de bebê. Como não havia a infraestrutura necessária à criação de um banheiro completo e o vizinho do andar de baixo não permitiu nenhuma intervenção na laje dele, foi necessário utilizar um equipamento específico chamado Sanitrit, que fica alojado dentro da alvenaria, com acesso atrás da geladeira da cozinha, possibilitando assim a criação de áreas molhadas nessas condições”, conclui a arquiteta Luiza Mesquita.